quinta-feira, 12 de maio de 2016

Porque o pai é fundamental para a criança autista



De repente você percebe que sua vida mudou tanto em tão pouco tempo... Parece que depois do diagnóstico muitas coisas se tornaram diferentes, e muitas mães ainda tem que enfrentar junto o fim de um relacionamento. Algumas ainda escutam do marido: "Estou indo porque pra mim o autismo é demais, não dá... não consigo..." nós mães, já temos algo natural, um instinto que nasce junto com o filho de querer estar sempre perto das nossas crias, pra cuidar, proteger, amar e claro educar; mas quanto ao paí é mais fácil de se ausentar talvez porque não tem com a criança aquela ligação desde o cordão umbilical que uma mãe tem com o feto. 90 % das mães que conheço não vivem mais com o pai do filho autista, claro que por diversos motivos, porque alguns já estavam em processo de separação antes do diagnóstico, mas muito pai resolveu a separação por não concordar com o diagnóstico, ou por achar que não consegue lidar com o filho, ou ainda porque acham que a esposa se esfriou no relacionamento não tendo mais tempo para ele, porque ela se dedica demais ao filho. É muito alto o índice de divórcios entre pais de autistas.

E se algumas pessoas já nos chamam de especiais por sermos mães de crianças especiais, essas mães que tem que se tornam pai também são verdadeiras guerreiras e tem que se desdobrar em mil para conseguir vencer cada etapa, eu tiro o chapéu para essas mães ......
Isso sem falar naquele pai que não se separa, mas se afogam no trabalho para não ter que ficar nem um tempo em casa com o filho especial. E eu tenho muita sorte, sabe, meu marido não é perfeito, eu também não sou, mas ele é nota mil como marido e nota dez mil como pai. Ele sempre esteve presente em todas as minhas consultas no pré-natal da minha gravidez do Miguel e sempre foi em todas as consultas do pediatra depois que ele nasceu. Sempre esteve nas consultas e exames até descobrirmos o autismo e sempre foi junto em todas as terapias, aliás uma boa parte ele quem levava o Miguel nas terapias. Já falei em um outro post que o Miguel estuda em uma escola especial para autistas, é longe da minha casa, como é a única da cidade, não temos outra opção e não deixaríamos de levar o Miguel, mas para não me sobrecarregar, o meu marido leva ele de manhã e eu busco na hora do almoço, isso não foi eu que pedi, desde que decidimos que estudaria  lá já sabíamos que seria assim porque ele participa de tudo. É por isso que eu falo que admiro demais as mães que lutam sozinhas, porque mesmo com a ajuda do meu marido já não é fácil, eu não consigo me imaginar na minha rotina fazendo tudo sozinha. O casal não deve conviver obrigados na desculpa de que não se separam por causa do filho, afinal o convivência não seria boa e as brigas e clima ruim em que a criança viveria não seria nada favorável, já que o ambiente onde vivem interfere e muito na criança. 

Mas o fim de um relacionamento entre marido e mulher não pode por um fim no relacionamento do pai com filho, quanto mais a criança é criada com apego pelos pais, mais segura ela pode se sentir, quanto mais amor ela recebe, mais amor ela pode dar, criar com apego é tão importante para o desenvolvimento da criança como as terapias que não deixamos de levá-los. Mesmo que não estejam morando em uma mesma casa, o pai deve ser presente na vida do filho, isso faz toda a diferença e o filho sempre saberá que o pai existe, por mais que seu filho tenha um grau severo de autismo e pareça que ele não entenda o que acontece a sua volta, você não imagina o quanto a participação ativa do pai pode fazer a diferença e de alguma maneira seu filho vai demonstrar isso. Logo após o diagnóstico a família vive um período difícil que podemos chamar de luto pós-diagnóstico (futuramente farei um post falando sobre o assunto) mas para que esse processo seja mais fácil, é necessário o enfrentamento da situação por todos da família e principalmente da casa em que a criança vive, ao invés de uma sobrecarga em um único membro, geralmente a mãe.

Este enfrentamento passa por sentimentos como negação, decepção, raiva, desconhecimento, preconceito e muito medo. A família necessitará de ajuda para desenvolver suas próprias ferramentas de enfrentamento da situação. 

As pessoas costumam falar que autistas não tem sentimentos e não são carinhosos e isso não é verdade, eles tem sentimentos sim, embora alguns não saibam expressar, meu filho é extremamente carinhoso, muito apegado com o pai, o espera todas as noites para dormir, só dorme depois que o pai chega do trabalho. Isso nos fez tomar uma decisão extrema, mas para nós necessária, o Otniel, meu marido trabalha só no período da tarde o que poderia estar em um segundo emprego em um outro período, mas pelo Miguel nós preferimos viver com menos, mas com o pai muito presente até porque ele me ajuda muito com o Miguel, até a cuidar dele um período maior de manhã pra mim descansar um pouquinho mais, já que ele acorda bem cedo; ele troca fraldas, dá banho, dá comida, enfim cuida muito e isso faz uma diferença enorme para mim claro, me ajuda a não ficar sobrecarregada, mas sei que para o nosso filho isso é muito mais importante ainda. No desfralde mesmo, a terapeuta  orientou ao pai levar o Miguel junto ao banheiro para que ele pudesse aprender também ao ver a atitude do pai, porque embora, também ouvimos dizer que autistas não repetem os gestos, mas eles aprendem através do olhar, do ver e com certeza as atitudes do pai servem muito para que o autista aprenda muitas coisas. Isso tudo sem falar na parte da recreação que o pai deve sempre estar presente, se não convive mais na mesma casa, não deixe de buscar seu filho para um passeio, ele com certeza na próxima semana vai estar esperando ansioso. A parte financeira não preciso nem falar nos gastos com terapias, medicamentos, fraldas, alimentação, são gastos incalculáveis e por isso o apoio financeiro do pai é fundamental.

Enfim, é necessária e muito a presença do pai no desenvolvimento da criança autista, mesmo que não se tenha uma relação com a mãe, mas a criança terá a referência do pai e juntos poderão descobrir como passar e aproveitar os melhores momentos, claro que é desafiante ter um filho autista, mas a recompensa quando ganhamos um abraço desajeitado, um beijo molhado, um olhar de 2 segundos nos faz ganhar forças e energias para matar o próximo leão do dia e nós aprendemos muito com nosso filho autista, tem uma frase que fala que autistas não mentem, não enganam, não julgam, não fazem jogos mentais e por isso temos muito o que aprender com eles e eu concordo em muito, aprendo todos os dias muitas coisas com meu filho e sei que você, pai, também aprenderá muito com a convivência com seu. Dê valor a esse momento a dois, porque a cada dia um novo desafio e a cada minuto uma nova conquista.



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