sábado, 2 de abril de 2016

"É só um atraso de linguagem"


Depois que o Miguel nasceu, minha vida se tornou corrida, claro mas uma maravilha. O que posso dizer que foi diferente no Miguel é que ele era um bebê muito chorão, só queria colo e eu não tinha tempo pra mais nada. No mais, tudo correu dentro da normalidade. O Miguel se sentou com 7 meses,demorou um pouquinho pra engatinhar, estava com 11 meses mas andou com 1 ano e 3 meses, o que é considerado normal, segundo os pediatras atraso para andar é considerado depois de 1 ano e seis meses. Até um ano o Miguel era um bebê exatamente normal, e hoje sabendo de todas as características de autismo, posso afirmar que o Miguel até 1 ano não apresentava nenhuma delas. Eu amamentei o Miguel até 1 ano e 5 meses e ele mantinha contato visual quando estava mamando, sorria quando brincávamos, com 7 meses ele aprendeu a fazer "não" com a cabeça e não aleatório, ele fazia "não" exatamente quando queria dizer "não". Nessa mesma época aprendeu a bater palmas, mais tarde aprendeu a acenar com a mãe para dar tchau, enfim todas as coisas que bebês aprendem nessa época .....

À espera e a chegada do Miguel...



Meu marido Otniel e eu com 8 meses de gestação




Minha gravidez foi ótima... Não tive enjoos, não tive azia, nada disso, antes da barriga crescer e o bebê começar a mexer nem parecia que eu estava grávida, porque não tinha sintomas nenhum. Vi, recentemente que fizeram uma pesquisa com mães de crianças especiais e a maioria não tiveram enjoos na gravidez, estavam associando a falta de enjoos a maior chance de criança especial, não sei sé é verdade, mas no meu caso isso deu certo. Durante toda a gravidez eu fiquei muito tensa e morria de medo de um aborto, eu queria tanto um filho e por ter tido já um aborto eu ficava desesperada com a hipótese. Mas como todo casal, eu e meu marido fizemos mil planos para o nosso primeiro filho,
eu sempre quis ter um menino primeiro e meu marido queria muito um menino também,

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E aí eu quis um filho...


E aí eu quis um filho...


Bom vou contar resumidamente um pouquinho da minha vida até ser mãe. Me casei em julho 2007 com 20 anos depois de quase cinco anos de namoro e pra mim foi a realização de um sonho, afinal o meu marido é o homem que sempre sonhei e em cada postagem vou falar um pouquinho da participação dele com o Miguel e vocês vão ver que tenho razão, mas voltando ao assunto, assim que nos casamos resolvemos que teríamos o nosso primeiro filho depois de 5 anos de casamento até lá pretendíamos conseguir a casa própria, o carro, a estabilidade pra depois então termos o primeiro filho. Mas, em novembro de 2009 eu acordei em uma madrugada com uma dor quase insuportável (que depois fiquei sabendo que era contrações) e ao me levantar eu desmaiei. Passei todo o restante da madrugada com dores e sempre que eu me levantava eu desmaiava. Ao amanhecer o meu marido chamou o SAMU e ao me buscarem em casa disseram que era estresse emocional afinal eu estava trabalhando muito mas que poderia ser gravidez.


Não me animei com a noticia porque sabia que se fosse gravidez alguma coisa estaria errada,

 fui levada a um posto de saúde e ao médico ao me examinar disse que provavelmente seria uma gravidez ectópica (bebê sendo gerado fora do útero). Fui encaminhada para um hospital da cidade por volta das 11:00hrs mas o médico nem me  examinou, eu ainda tendo contrações fortíssimas, perto das 17:00hrs fizeram um ultrassom em mim e apesar de confirmar que era uma gravidez ectópica, o bebê estava sendo gerado na trompa que tinha rompido na madrugada e desde então eu estava com uma hemorragia interna e por isso não conseguiram ver muita coisa, porque tinha muito sangue dentro de mim. Apesar de eu estar correndo risco de uma septicemia e parada cardíaca, ainda fui transferida par um outro hospital que tinha UTI disponível e por volta das 20:00hrs fui para a sala de cirurgia as pressas. Foi retirada a  minha trompa direita e a recuperação foi muito delicada, porque a cirurgia foi muito delicada, mas graças a Deus eu fiquei muito bem porque Deus me de uma nova chance de vida. MAS, na vida sempre tem os "mas",depois de tudo isso o meu ginecologista me disse que seria difícil uma nova gravidez, que minhas chances que já não era muitas por eu ter o Útero invertido agora era menor ainda só com uma trompa, e vocês nem imaginam o que aconteceu, eu passei a querer desesperadamente um filho. E aí eu queria um filho quando os médicos e todos diziam que seria difícil eu engravidar. Fui aconselhada  a evitar uma nova gestação por 6 meses e depois disso poderia começar a tentar. E foi o  que eu fiz, evitei por 6 meses e depois de 2 meses tentando, no total depois de 8 meses da minha primeira gravidez eu fiquei grávida do Miguel...

Diferente, e daí?


Diferente, e daí?

Quase que todas as mulheres sonham desde criança com o seu momento especial da maternidade, embora algumas se deparem com a notícia de uma gravidez inesperada em momentos em que ela menos imagina, outras sonham e planejam o tempo todo, e quando planejamos sempre vem aqueles sonhos em nossa mente: "Vou ter um filho ou uma filha, vai se parecer comigo fisicamente mas com a personalidade do pai, ou vice versa, vou educar da melhor maneira e com certeza não vai ser birrento como meu sobrinho e nem chorão como o bebê da vizinha, eles parecem que não sabem educar, comigo o negócio vai ser diferente.

Ah, se for menina vai fazer balé desde pequena, com certeza ela vai gostar, afinal que menina nunca sonhou em ser bailarina? Se for menino, vamos colocar na escolinha de futebol  e no Taekwondo, e talvez um dia ele se torne um astronauta, que é o sonho de quase todo menino.

Marido, vamos trabalhar muito pra conseguirmos dar ao nosso filho tudo o que não tivemos na infância e queremos que ele ou ela estude na melhor escola e faça uma boa faculdade e  claro que já penso que terá um bom casamento porque vou fiscalizar de perto com quem vai se relacionar..." E assim por diante nossos sonhos se tornam infinitos, e mesmo quando uma gravidez não é planejada, assim que se descobre ao se acostumar com a ideia esses mesmos sonhos começam a surgir na mente daquela mulher que desde menina ficou imaginando como seria esse momento. E em sua grande maioria as coisas parecem acontecer como gostaríamos, outras nem tanto seja porque a realidade financeira é outra, ou porque sua filha é radical e em vez do balé ela prefere o Taekwondo e ponto final, ou o filho gosta de balé e daí? Você vai ter que aprender e parar de preconceitos e ver que balé também é coisa de menino. Mas uma outra parte da história é bem mais complicado que isso, e aí entra a parte que você ou tem um diagnóstico durante a gestação mesmo de uma síndrome ou uma doença com atraso cognitivo ou alguma outra coisa que talvez a ciência nem saiba explicar direito, ou então tudo parece correr super bem , mas uma complicação no parto deixa seu filho com alguma deficiência ou na última parte o seu filho nasce lindo e perfeito mas com o passar do tempo você vê algumas coisas mudando do normal e vem o terrível diagnóstico para acabar com seus planos e você ouve o médico dizer que seu filho é diferente das crianças ditas "normais". e você pensa: Tá, diferente, e daí?" ou seja, "meu filho é diferente e agora? o que será? o que eu faço?" E é quando se começa uma longa caminhada até chegar no "Diferente, e daí? Eu vou é ser feliz com meu filho lindo, maravilhoso e amado..." Entendeu a diferença dos "Diferentes, e daí?" E sobre essa longa caminhada é que eu quero compartilhar com vocês minhas experiências, conquistas, frustrações claro, porque nem tudo é perfeito nesse mundo e claro mais ainda minhas grande alegrias nessa minha vida de mãe de uma criança especial. Vem comigo e vamos compartilhar tudo aqui !!!!!!
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